Nos anos 1970, 1980 e 1990, os programas de televisão conhecidos como “home shopping” ficaram bastante famosos. Até hoje, aqui no Brasil, podemos ver comerciais seguindo a mesma linha. Neles, um apresentador mostra determinado produto e indica um telefone para que a pessoa que deseja comprar possa ligar para adquirir o produto.
E quem achou que este formato iria se perder com a evolução da tecnologia e com a internet, está redondamente enganado.
Isso porque está surgindo o chamado “live commerce”. Para se entender como funciona esta modalidade, ela é bastante similar ao antigo “home shopping”, porém, com três grandes diferenças: os programas são ao vivo, se passam na internet e, ao invés de possuir um telefone para compras, há um link direcionando para o e-commerce da loja em questão.
Além disso, há outro ponto bastante importante para o atual momento tecnológico. Como é feito ao vivo e diretamente pela internet, há uma interatividade constante entre o apresentador e os clientes em potencial. Com isso, é possível tirar dúvidas em tempo real, o que pode ser um grande diferencial na hora de decidir se compra ou não determinado produto.
Para se ter uma noção do tamanho do potencial deste mercado, é preciso analisar casos reais. Esta forma de comércio fez bastante sucesso na China no último ano. Apenas em 2020, foram feitos mais de US$200 bilhões em compras através deste formato. As restrições impostas pela pandemia de Covid-19, claro, impulsionaram o serviço. Porém, uma estimativa feita pela consultoria Research and Markets afirma que, até 2027, este formado deve gerar receitas de até US$600 bilhões pelo mundo.
Claro que, com estes números, grandes empresas se interessaram pelo formato. No país asiático, o grande expoente do live commerce é o Taobao, plataforma que pertence ao Alibaba. A plataforma teve um crescimento de 150% dos usuários no ano passado e possui um ticket médio de US$230, cerca de R$1.240, por espectador.
Nos Estados Unidos, a Amazon, maior empresa de e-commerce do momento, também já aderiu ao live commerce. A empresa lançou uma plataforma exclusiva, chamada “Amazon live”, que permite que qualquer vendedor, independente do tamanho, faça apresentações ao vivo para vender seus produtos.
Os programas ficam gravados para, se o usuário desejar, assistir em outro horário também. E, além dos vídeos, há um chat para que, se assim desejar, os clientes possam questionar e interagir com o apresentador de maneira rápida e fácil.
E você deve estar se perguntando: mas e no Brasil? Este método ainda está dando seus primeiros passos no nosso país. Porém, grandes varejistas online já estão estudando o formato e testando plataformas, mesmo que em testes alpha, sem a participação de clientes, ainda.
Porém, algumas já se arriscaram, mesmo que de forma menos intensa do que em outros países. A Dengo, uma rede de chocolaterias de São Paulo, criou, em maio do ano passado, sua “loja ao vivo”. Ao acessar o site, o usuário se verá “dentro” de uma loja física da empresa, e poderá olhar e escolher os produtos na estante. Caso deseje mais informações, é possível clicar no chat, que será respondido por um especialista ao vivo em um streaming de vídeo.
Após escolher seus produtos e adicionar ao carrinho, o cliente será direcionado ao e-commerce da marca e, após o pagamento, deve receber seus chocolates em casa e no mesmo dia.
Outra empresa que já aderiu ao formato é a Claro. A operadora inaugurou sua loja virtual em outubro de 2020. Além de vender aparelhos, planos de celular, internet e TV, além de outros serviços, a empresa realiza análises de produtos, tutoriais, unboxing e até entrevistas com especialistas. Tudo, claro, ao vivo e com um chat em tempo real para tirar possíveis dúvidas.
Desta forma, não se surpreenda se, em pouco tempo, cada vez mais empresas de grande e pequeno porte do país passarem a utilizar este método de vendas. Como visto anteriormente, o potencial é gigante e, em um mundo pós pandemia, no qual muitas pessoas ainda têm receio de multidões e aglomerações, o live commerce pode ser a solução.