Frances Haugen, ex-gerente do Facebook, declarou em uma audiência do Parlamento Europeu que um dos problemas do metaverso criado pela empresa de Mark Zuckerberg é a necessidade que os usuários terão de compartilhar ainda mais dados. “Estou extremamente preocupada com o metaverso, em parte porque acho que ilustra um ‘metaproblema’ do Facebook, que é que eles realmente gostam de seguir em frente” afirmou Haugen, na última segunda-feira.
A ex-gerente colocou que para o projeto de universo paralelo seguir adiante, casas e escritórios precisariam ter mais sensores, fazendo com que a empresa tivesse cada vez mais informações de seus usuários. Em seu discurso, Francês Haugen trouxe, também, uma questão ética. Segundo ela, funcionários da empresa que não se sentirem confortáveis em compartilhar tais informações, não terão a opção de não seguir o que foi determinado por seus empregadores.
“Essa é uma ótima ilustração de sistemas que são intrinsecamente mais seguros”, disse. “Por padrão, ao projetar sistemas em escala humana, você obtém de graça menos disseminação de ideias extremas”. Com isso, Haugen mostra que o único ponto que considera positivo na ideia de metaverso do Facebook é o fato de ele ter escala humana, fazendo com que os grupos permaneçam pequenos, com cerca de dez pessoas, no máximo.
O depoimento de Frances Haugen faz ainda mais sentido se levarmos em consideração que os legisladores da União Europeia estão debatendo uma nova lei de serviços digitais proposta por Margrethe Vestager, chefe antitruste da organização. O projeto de regras da Europa exigindo que as empresas de tecnologia façam mais para combater o conteúdo on-line ilegal é visto por Haugen como um padrão a ser seguido no mundo. Declarou, também, que as regras poderiam inspirar demais países, como os EUA, no entanto, seria necessário uma “lei forte e aplicação firme”. Para Haugen, essa seria uma chance de “alinhar o futuro da tecnologia e da democracia”. “A lei de serviços digitais que está agora perante este Parlamento tem o potencial de ser um ‘padrão ouro’ global”, disse Haugen.