As realidades virtuais há muito tempo fazem parte do nosso imaginário, após o advento da tecnologia como parte essencial das nossas vidas. Não nos parecia impossível existir um mundo digital.
Agora a ficção científica se concretizou. Através da Meta, novo nome que a empresa Facebook recebeu, após seu criador, Mark Zuckerberg, declarar estar perto de oferecer o Metaverso; um mundo virtual no qual usuários poderão por meio de avatares, participar de festas, shows, eventos, palestras, entre uma quase infinidade de possibilidades.
Muitas empresas apostam ferozmente neste ramo; foram investidos 50 milhões de dólares, apenas em marketing, criação de empresas e estratégias iniciais. Mas uma outra parcela do mercado digital também se mostrou interessada, e mais preparada para este novo segmento: os influencers digitais.
Lucas Rangel, um dos mais famosos influencers brasileiros, com cerca de 19 milhões de seguidores no instagram e 10 milhões de inscritos em seu canal do YouTube, investiu 240 mil reais na produção de seu alter ego digital: o Luks, um personagem totalmente digital e 3D. Ele afirma que ser pioneiro neste ramo irá garantir mais visibilidade, know how e segurança, uma vez que após dada a largada, muitos influencers irão procurar ocupar o espaço virtual.
Sabrina Sato também anunciou sua “irmã digital”, a Satiko. Criada pela empresa Biobots, para alcançar públicos com os quais ela ainda não interage, a Satiko irá praticar esportes, acompanhar tendências e falar sobre política.
Estas medidas explicitam alguns fatos: fazer um avatar é caro, caso não se tenha recursos próprios, pode-se recorrer a empresas que serão especialistas em desenvolver bots, nesse quesito podem entrar contratos, direito de imagem, aluguéis e outros assuntos jurídicos.
Outro fato interessante, é a semelhança do cenário quando a internet ganhou fama na década de 90, e as empresas investiram avidamente em páginas na web para garantir um terreno antes que acabasse. Muitos influencers irão entrar de cabeça no Metaverso, fazendo com que eles se mantenham em constante concorrência e melhoramentos, em uma seleção natural. Ou “seleção artificial”.
Algumas empresas já atuam com digital influencers, como a Lu do Magazine Luiza, que não representa nenhuma personalidade real. Pode-se prever que empresas irão vender influencers, criando uma lógica reversa do atual cenário, no qual empresas contratam personalidades para divulgar sua marca, sendo agora possível uma empresa vender este modelo de publicidade para outras.
Há também a necessidade de ficarmos mais atentos, pois não é difícil se apropriar do rosto e da voz de um meta-influencer: imaginemos um caso hipotético, no qual pegam a anatomia e expressões de Satiko, e fazem ela vestir a camiseta em prol de um político, manipulem áudios nos quais ela apoia a candidatura e viralizar nas redes. Obviamente, a Sabrina iria interferir, mas quais as chances de deep fakes ocorrerem com mais intensidade do que hoje?
Como qualquer ferramenta, a internet pode ser usada pra bons e maus fins, e o Metaverso demonstra seus riscos. Porém, nos mostra um horizonte de oportunidades de emprego, novos mercados, mais entretenimento, novos aprendizados e mais conexões entre pessoas. Utilizado da maneira correta, poderá ser um grande passo benéfico para a humanidade.